Cáceres, 19 de maio de 2025 - 22:08

Padre se recusa a batizar bonecas reborn e diz que é ‘caso de psiquiatra’

Padre se recusa a batizar bonecas reborn e diz que é ‘caso de psiquiatra’

 O debate sobre os bebês reborn, bonecos hiper-realistas que simulam recém-nascidos, ganhou proporções nacionais nesta semana após uma manifestação pública do padre Chrystian Shankar, da Diocese de Divinópolis (MG), e a apresentação de três projetos de lei no Congresso Nacional com o objetivo de restringir benefícios e atendimentos vinculados a essas figuras.

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 O padre, que é influente nas redes sociais com mais de 3,7 milhões de seguidores no Instagram, publicou uma nota contundente afirmando que não celebrará ritos católicos com bonecos reborn. A declaração causou comoção nas redes e gerou uma avalanche de comentários, dividindo opiniões entre seguidores, religiosos, psicólogos e defensores das “mães” reborn.

O que são bebês reborn?

 Os bebês reborn são bonecos produzidos com extremo realismo para se parecerem com recém-nascidos de verdade. Feitos de vinil ou silicone, esses bonecos apresentam detalhes minuciosos, como textura de pele, peso similar ao de um bebê real e até batimentos cardíacos simulados.

 Popularizados inicialmente por colecionadores e artistas, os reborns passaram a ser adotados por pessoas que desenvolvem laços afetivos profundos com os bonecos.

 Em muitos casos, os donos — geralmente mulheres — se referem a eles como filhos, os alimentam com mamadeiras, levam ao médico (em simulações) e compartilham a rotina nas redes sociais.

 

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A declaração do padre Chrystian Shankar

 A polêmica começou na sexta-feira (16 de maio de 2025), quando o padre Chrystian Shankar divulgou uma nota pública em seu perfil do Instagram esclarecendo que não realizará batizados, missas ou qualquer rito religioso católico com bonecas reborn.

Leia a nota completa:

“Não estou realizando batizados para bonecas reborn ‘recém-nascidas’. Nem atendo ‘mães’ de boneca reborn que buscam por catequese. Nem celebrando missa de Primeira Comunhão para crianças reborn. Nem oração de libertação para bebê possuído por um espírito reborn. E, por fim, nem missa de Sétimo Dia para reborn que arriou a bateria.

Essas situações devem ser encaminhadas ao psicólogo, psiquiatra ou, em último caso, ao fabricante da boneca.”

 A mensagem, recheada de ironia, viralizou e inflamou o debate. Muitos apoiaram a posição do religioso, alegando que a devoção a um boneco ultrapassa os limites do bom senso. Por outro lado, defensores das “mães reborn” reagiram com indignação, apontando preconceito e desrespeito à saúde mental.

A reação nas redes sociais

 Logo após a publicação do padre, o assunto se tornou um dos mais comentados nas redes. Enquanto algumas pessoas elogiaram a “postura sensata” do padre, outras argumentaram que o uso de reborns pode ter papel terapêutico, especialmente para mulheres que enfrentaram perdas gestacionais, infertilidade ou depressão.

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Comentários divididos:

  • “Concordo com o padre. Isso já passou dos limites.”
  • “Tem gente que precisa de acolhimento, não de zombaria.”
  • “Usar o altar da igreja para batizar boneca é heresia!”
  • “E quem trata a boneca como apoio emocional? Não tem direito a respeito?”

Projetos de lei propõem restrições aos bebês reborn

 Enquanto a sociedade digeria a fala do padre, três projetos de lei foram apresentados na Câmara dos Deputados no dia 15 de maio, criando regras específicas para pessoas que usam ou simulam situações reais com bonecos reborn.

PL 2.326/2025 – Deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP)

 Proíbe profissionais da saúde, vinculados ou não ao SUS, de realizarem simulações de atendimento médico com bebês reborn. O objetivo é evitar que recursos públicos ou privados sejam direcionados para procedimentos com objetos inanimados.

PL 2.320/2025 – Deputado Dr. Zacharias Calil (União Brasil-GO)

 Estabelece sanções administrativas para quem utilizar bonecos hiper-realistas com a finalidade de obter benefícios destinados a crianças, como assentos preferenciais, prioridade em filas ou transporte.

 

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PL 2.323/2025 – Deputada Rosângela Moro (União Brasil-SP)

 Prevê o acolhimento psicossocial obrigatório para pessoas com vínculos afetivos com bonecos reborn, considerando que esse comportamento pode ser um indício de transtornos não diagnosticados.

A questão da saúde mental

 A discussão trouxe à tona o debate sobre o uso terapêutico dos reborns. Muitos profissionais da psicologia afirmam que, em determinados contextos, os reborns podem ser uma ferramenta útil no tratamento de luto, solidão e traumas.

Opinião de especialistas:

  • “Para algumas mulheres que perderam filhos, o reborn é um objeto de transição que ajuda no processo de luto. Não pode ser tratado com escárnio”, afirma a psicóloga clínica Lúcia Marques.
  • “O problema está no uso excessivo e na confusão entre fantasia e realidade. A linha entre apoio e dependência pode ser tênue”, alerta o psiquiatra Renato Vasconcellos.

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Aspectos legais e éticos

 Ainda não há legislação específica que trate diretamente dos reborns no Brasil. No entanto, os projetos apresentados no Congresso podem representar um marco regulatório para a prática, delimitando direitos, restrições e condutas.

 Há, no entanto, o risco de que tais medidas estimulem o preconceito contra grupos que utilizam reborns com fins emocionais ou terapêuticos. O equilíbrio entre regulação e liberdade individual será essencial para evitar abusos legais ou estigmatização.

A Igreja Católica e os limites dos sacramentos

 A decisão do padre Chrystian Shankar está amparada pelo Diretório dos Sacramentos da Igreja Católica, que exige que o batismo seja realizado em pessoa humana real, com base no reconhecimento da dignidade humana, e não em objetos.

 Não há previsão canônica que permita a realização de sacramentos em figuras simbólicas ou bonecos, mesmo que para fins emocionais. Nesse sentido, a recusa do padre encontra respaldo doutrinário, embora a linguagem utilizada tenha causado desconforto em parte dos fiéis.

 

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O que dizem as mães reborn?

 Diversas influenciadoras que compartilham a rotina com seus bebês reborn se manifestaram. Muitas afirmam que não buscam direitos ou sacramentos religiosos, mas sim acolhimento emocional, e que as críticas beiram à intolerância e ao preconceito psicológico.

Declaração da influenciadora @maedolucasreborn:

“Nunca pedi batismo. Só quero poder andar com meu reborn e não ser atacada. É um direito meu sentir afeto, ainda que seja por um boneco.”

Considerações finais

 A polêmica envolvendo bebês reborn expôs um dilema que vai além de bonecos realistas: até que ponto a sociedade está preparada para lidar com novos comportamentos afetivos e formas de expressão emocional?

 Entre o posicionamento religioso, os projetos legislativos e os aspectos psicológicos, o desafio será encontrar o equilíbrio entre regulamentar, respeitar e compreender as motivações humanas por trás do afeto por objetos simbólicos.

 A discussão está apenas começando — e promete ganhar cada vez mais atenção à medida que a tecnologia e os laços emocionais com o artificial se aprofundarem.

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