Cáceres, 7 de outubro de 2024 - 10:29

Obra do governo federal no Rio Paraguai pode afetar região pantaneira

 Entre os recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC) anunciado nesta sexta-feira (11), pelo governo federal, está a obra de dragagem no Rio Paraguai, no tramo norte, que compreende Corumbá, em Mato Grosso do Sul, e a cidade de Cáceres, no Mato Grosso, o que pode trazer impactos negativos para o Pantanal, embora contribua para melhorar a navegabilidade do local.

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 A quantia que será investida não foi divulgada, contudo, apenas para empreendimentos em transporte eficiente e sustentável serão destinados para MS R$ 15,4 bilhões, o que inclui não apenas hidrovias, como no caso do Rio Paraguai, mas, também rodovias, ferrovias, portos e aeroportos.

 Como a divulgação foi feita apenas elencando os locais e as áreas de desenvolvimento contempladas, ainda não é possível saber se a dragagem prevista é apenas para a manutenção do rio, com a retirada de sedimentos que podem cair no leito por causa da erosão, ou se será para abrir caminho e tornar este trecho navegável para grandes embarcações.

 No caso de manutenções, a pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e do Ministério Público Federal (MPF), Débora Calheiros, aponta que é um procedimento normal e contribui para manter os trechos navegáveis.

 Um segundo especialista ouvido pelo Correio do Estado, também ressaltou que, se feito apenas para manutenção e de forma moderada, o procedimento não afeta de forma drástica o ecossistema do rio e nem o bioma pantaneiro por se tratar de algo superficial, feito apenas no leito, facilitando inclusive que o curso hídrico siga o curso natural.

 Por outro lado, se o investimento for feito para abrir uma hidrovia entre Corumbá e Cáceres, o processo é mais invasivo no meio ambiente e pode desequilibrar todo o bioma.

 Débora Calheiros enfatiza que para abrir um curso para navegar com grandes cargas será preciso retirar sedimentos mais profundos do rio Paraguai e isso pode alterar a cheia do Pantanal.

 “Com a dragagem o leito fica mais profundo e faz com que a drenagem da água seja maior, diminuindo a oferta de água para os animais e plantas da planície”, explica a pesquisadora.

 Calheiros ainda enfatiza que esta técnica pode aumentar o tempo de seca, que geralmente vai de outubro a dezembro, pode ser mais proeminente, com risco inclusive de repetir a seca ocorrida nos anos 60.

 “A drenagem do Pantanal ficará maior, deixando a região menos úmida e isso pode afetar todos os processos ecológicos”, destaca, apontando que as secas mais proeminentes podem voltar a ocorrer.

 Reprodução: Correio do Estado/Ana Clara

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