Cáceres, 25 de novembro de 2024 - 16:44

Família de advogado morto em acidente aéreo acusa suposto instrutor de voo de fraude

 Os familiares do advogado Marco Antônio Corbelino, que morreu no acidente aéreo no dia 12 de junho deste ano, no município de Mirassol do Oeste (a 286 km de Cuiabá), procuraram a Polícia Civil de Cáceres, onde registraram um boletim de ocorrência contra o suposto “instrutor de voos” Davi da Silva, vulgo Lima, de 50 anos.

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 Conforme declarações dos familiares de Marco Antônio Corbelino, o “instrutor Lima” teria se aproveitado da fragilidade emocional de todos para expropriar a fuselagem da aeronave pertencente ao advogado. Os familiares revelaram que o homem, que se apresenta como professor de voos, sem qualquer prévia autorização, picotou toda a fuselagem do avião, fez uma pilhagem sem o menor pudor e, pior, se preparava para fugir da cidade com o motor da aeronave. Para tanto, dizia que “ganhou” o motor para uma suposta organização não-governamental batizada de “Escola Pelicano de Aviação”.

 Os golpes só vieram à tona após os familiares terem acesso ao aparelho de celular do falecido, quando enfim se descobriu que Marco Antônio Corbelino vinha sendo enganado e usado em diversas cidades de Mato Grosso para abrir espaços nas emissoras de rádio e TV, permitindo que o piloto ganhasse novos alunos.

 Os familiares apresentaram dois vídeos nos quais Davi da Silva, vulgo Lima, se apresenta aos ouvintes da Rádio Jornal de Pontes e Lacerda, no concorrido programa matinal do Nereu, dizendo que estava baseado no Escritório de Advocacia do Dr. Marco Antônio Corbelino. O escritório lhe garantia uma aparência de legalidade.

 No referido programa, ele oferta voos panorâmicos como cortesia aos novos alunos. Para convencer de uma suposta seriedade, Lima conseguiu junto a Marco Corbelino o patrocínio de bonés e camisetas da Escola Pelicano de Aviação. Centenas de ouvintes acessam a conceituada emissora.

 De acordo com os familiares de Marco Corbelino, o advogado não tinha malícia, era tido e havido como extremamente caridoso, e não percebeu que, na verdade, a Escola Pelicano não existe fisicamente, não possui registro na Agência de Aviação Civil, nem tampouco possui Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), tendo apenas uma página virtual na plataforma do Instagram, sem expediente e sem que ele seja gestor ou seguidor. A página é fictícia, sustenta a família.

 A família de Marco Antônio Corbelino relata que o piloto conseguiu extrair uma quantia ainda não calculada do escritório do advogado, sob a falsa alegação de que traria a sede física da Escola Pelicano de Aviação para Cáceres. Para não deixar rastros, Davi, vulgo Lima, sempre apresentava uma chave de Pix em nome de terceiros, utilizando uma chave diferente para cada transação.

 Quando um dos diretores financeiros do Escritório Marco Corbelino fez contato com o suposto instrutor de voos Davi sobre seu certificado para instruir voos autorizados pela Força Aérea Brasileira, ele se esquivou, dando respostas evasivas, muito diferentes das informações fornecidas quando concedia entrevistas na Rádio Jornal de Pontes e Lacerda (vide vídeo).

 A família disse que já comunicou à Agência Nacional de Aviação Civil e à Polícia Civil e Federal sobre a gravidade da situação. “Nada trará de volta nosso amado Marco Antônio Corbelino, mas nós queremos justiça, queremos a fuselagem do avião e, principalmente, queremos que essa pessoa não faça outras vítimas como fez com Marco Corbelino, que de coração bom caiu na boa fé, sem maldade, nessa armadilha. Perdemos nosso estimado Marco, deixando filhos que, por sua vez, perderam um pai honrado, e Cáceres perdeu um grande e caridoso advogado. Enquanto nós estávamos em luto, ele picotou e sumiu com a fuselagem do avião e quase sumiu com o motor da aeronave”, relataram os familiares.

 A reportagem não conseguiu localizar o acusado Davi da Silva, que se apresenta como Lima, nem sua sede, apenas uma página virtual na plataforma do Instagram, mas sem obter resposta quanto à sua autorização da Aeronáutica para ministrar cursos. E, mais grave, ao buscar o CNPJ, a família estupefata teve outra decepção: o endereço da Pelicano está no mesmo endereço do escritório de Cáceres, uma trapaça criminosa sem qualquer anuência para tal.

 ANAC Abre Investigação Sobre a Pelicano e o Acidente Aéreo

 O oficial Vinicius Andrei Conte, comandante da Coordenadoria de Demandas Externas da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), em Brasília-DF, abriu investigações sobre o acidente que matou o advogado Marco Antônio Corbelino. Ainda no inquérito, foca-se na suposta Escola Pelicano de Aviação, dirigida pelo aviador civil Davi da Silva, que se apresenta como suposto instrutor de voos.

 Outra linha de investigações, conduzida pelas Polícias Civil e Federal, apura o motivo de Davi da Silva pilotar a fuselagem da aeronave PU-FEM.

 Foi estabelecido o prazo para o encerramento das investigações no dia 14 de agosto deste ano.

 Reprodução: Portal Mato Grosso

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