A guerra na Ucrânia já dura mais de três anos e atraiu combatentes de diversas nacionalidades. Entre eles, está um brasileiro de Cáceres, que trocou sua rotina no Brasil para se alistar na Legião Internacional e lutar ao lado das forças ucranianas. Em entrevista exclusiva ao Cáceres News, ele compartilhou sua jornada, desde a inspiração militar até os desafios enfrentados no front.
O caminho até a guerra
Natural de Cáceres, ele morou na cidade até os 11 anos. Sua paixão pelo militarismo surgiu através de seu tio, Rones Benevides, subtenente aposentado da Polícia Militar. Inspirado por essa influência familiar, ele começou a pesquisar formas de ingressar na vida militar.

“Eu descobri que o exército francês recrutava estrangeiros. Mesmo com muitos duvidando de mim, comprei minha passagem, viajei para a França e me alistei na Legião Estrangeira em Paris. Passei nos testes físicos e psicológicos e permaneci por seis meses na corporação”, contou.
Quando a guerra na Ucrânia começou, ele soube que o país havia criado uma legião internacional para recrutar combatentes estrangeiros. “Decidi sair do exército francês e me alistei na Ucrânia. Fiz novos testes físicos e fui aceito. Desde então, estou há três anos aqui.”
O desafio do combate
O cacerense já esteve em diversas frentes de batalha, incluindo Donetsk e Kharkiv. Atualmente, está na cidade russa de Kursk, ocupada pelas forças ucranianas.
“Já estive em combates nas piores áreas. O momento mais difícil é sempre estar sob fogo inimigo pela primeira vez. Você sente o perigo real e precisa aprender a controlar suas emoções rapidamente”, relatou.

Além disso, ele destacou a adaptação cultural como um desafio. “A comida, o clima e o idioma são muito diferentes do Brasil. Mas o povo aqui é receptivo e, com o tempo, me acostumei. O frio, por exemplo, foi um grande impacto, já que no Brasil estamos acostumados com temperaturas altas.”
Vida militar na Ucrânia
O exército ucraniano oferece estrutura completa para os soldados estrangeiros. “Eles fornecem casa, alimentação e um salário que varia entre 3 e 4 mil dólares. Quem quiser se alistar pode se apresentar e, se passar nos testes físicos, entra na Legião Internacional.”
Além dos ucranianos, há muitos combatentes estrangeiros na unidade. “Somos mais de 100 brasileiros e há várias nacionalidades aqui. A relação entre os soldados locais e os estrangeiros é tranquila, pois todos têm um objetivo em comum.”
Contato com a família e futuro pós-guerra
Apesar da rotina intensa, ele mantém contato com a família. “Voltei ao Brasil em dezembro do ano passado e visitei Cáceres. Passei um tempo com minha avó e meu tio. Foi um choque de realidade, pois a gente se acostuma com a cultura daqui.”
Sobre o futuro, ele ainda não tem uma decisão definitiva. “Se a guerra acabar, vou avaliar minhas opções. Por enquanto, sigo cumprindo minha missão por aqui. Essa experiência mudou completamente minha visão de mundo.”
A história desse brasileiro mostra os desafios e sacrifícios de quem escolheu deixar sua vida no Brasil para lutar em um conflito internacional. Seu relato reforça a realidade do campo de batalha e a força de vontade daqueles que, por vocação, decidem seguir o caminho militar em territórios distantes.
Fique ligado no Cáceres News para todas as informações do dia-a-dia de Cáceres e Região.