Felipe Fanaia é sócio-proprietário da DasHaus, loja de moda autoral localizada em São Paulo
Após 12 anos trabalhando no mercado da moda autoral em São Paulo, o repertório artístico da carreira do mato-grossense Felipe Fanaia conta com roupas em capas de revistas consagradas, muitos desfiles e diversas peças vestidas por artistas como Anitta e o cantor americano Sam Smith.
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A moda autoral entrou no caminho de Felipe antes mesmo que ele decidisse fazer disso sua profissão. Nascido em Cáceres, o estilista, que hoje tem 34 anos, viveu grande parte de sua vida em Cuiabá, até que decidiu se mudar para São Paulo para cursar design de interiores.
Foi na capital paulista que Felipe conheceu seu futuro sócio, o experiente estilista Rober Dognani. Após o fim do curso, ainda sem muita clareza sobre o que iria fazer e planejando voltar a residir em Cuiabá, ele foi convidado por Rober para abrir uma loja, dando início na carreira do mato-grossense.
“A minha entrada aconteceu de uma forma não planejada. Não era algo que eu queria fazer da minha vida ou tinha estudado para isso. Foi nesse meio tempo de transição de retorno para Cuiabá, eu acabei conhecendo o Rober, que é o meu sócio na loja hoje”, conta Felipe.
“Quando começamos a trabalhar juntos, ele já era um nome relevante na moda aqui em São Paulo. Já tinha vestido celebridades como Gisele Bündchen e Naomi Campbell. Ele tem uma carreira bem bacana e um trabalho que é muito autoral”.
Assim, na rua Augusta, eles decidiram construir a “DasHaus”. Segundo Felipe, o nome de origem alemã significa “A Casa”, com intuito de remeter a um espaço de acolhimento aos estilistas iniciantes, que servisse como espécie de vitrine para eles.
Apesar de no início ter ficado mais atrelado à parte administrativa da empresa, isso não o impediu de investir na criação de peças. Um ano depois, o mato-grossense teve aceito um projeto de desfile para a Casa de Criadores, o principal evento de moda autoral brasileira do País.
“Eu comecei a fazer estampas, desenvolver uma linha de camisetas que evoluiu para uma linha de camiseta, camisa, calça. Até que eu falei que queria tentar fazer desfile na Casa de Criadores. A gente desenvolveu o projeto todo, mandei, e aí eu passei em 2011”, lembra.
Desde então, Felipe tem apresentado suas coleções no evento. Ele conta que a ideia inicial da DasHaus, de ser como uma casa para designers iniciantes, acabou não dando tão certo.
Porém, o sonho principal de ser uma loja que vende peças autorais exclusivas continua um sucesso. Em seu perfil do Instagram Felipe mostra algumas das criações da DasHaus sendo peças de ensaios para Vogue Brasil, Glamour Brasil, Quem, L’officiel Brasil e outras revistas importantes.
“Não funcionou tanto como a gente imaginou, que seria um celeiro de novos designers, mas eventualmente, a loja vende outras marcas de tempos em tempos. As peças que estão lá geralmente vão muito ao encontro de marcas que a gente faz parceria, como uma marca de acessórios que vende lá”.
O processo criativo
Segundo o estilista, o processo de criação de peças autorais é totalmente oriundo de experiências tidas pelo seu criador, literalmente a materialização de uma expressão pessoal.
Para a loja, Felipe disse que foca principalmente em sua na linha de camisas. Já quando o assunto é coleção, ele precisa imergir em uma inspiração que trará a narrativa necessária para produzir diversas peças.
“Toda vez que eu estou pensando em criar uma coleção, eu vou criando histórias com inspiração e tudo o mais. Sempre procuro matérias-primas diferentes. Quando é para a loja eu vou criando o que eu tenho vontade, porque é só uma peça, é exclusiva”.
“Então, eu não tenho esse compromisso de fazer uma peça comercial para vender ou de ter uma identidade só, sabe? É o que estou sentindo no momento. Vou alterando o que já fiz, vou fluindo dentro desse meu próprio universo”.
“Pode vir de uma série que eu assisti, de algo que vi na rua e gostei, de uma música que eu estou ouvindo no momento ou uma viagem em que você absorve alguma coisa e traz pra dentro da sua marca. A inspiração não parte de um lugar só”.
Assim, durante seus mais de 10 anos de carreira, Felipe conquistou a atenção de vários stylists de grandes artistas do cenário nacional e internacional.
“Aqui do Brasil já vesti muita gente. Já vesti a Anitta, o Pabllo Vittar, a Glória Groove, Pedro Sampaio. Fiz uma roupa para o Sam Smith há um ano, para um clipe, mas ainda não saiu”.
Retorno só na aposentadoria
Apesar das raízes mato-grossenses, Felipe é enfático ao dizer que não tem pretensão de voltar tão cedo. Isso porque, explicou ele, até mesmo na Capital ele ainda não enxerga público consumidor para a moda autoral.
“O que eu penso, na verdade, é que a população de um modo geral, o consumidor daí não é um consumidor de roupa muito ousado. Ele é um consumidor de roupa mais comercial. Na época em que eu morava aí, ainda era mais engessado”.
“Eu não via tanto mercado para esse tipo de roupa que eu faço. Com a democratização por meio da internet e tudo mais, talvez tenha mudado. Não tinha essas informações que têm hoje em relação à moda, a como se vestir. Não tinha referências na minha época”.
Felipe só cogita seu possível retorno para curtir a aposentadoria próximo de sua família, porque ainda tem desejo de seguir uma longa e prolífica carreira no universo da moda em São Paulo.
“É uma pergunta difícil. Eu acho que talvez num momento de aposentadoria, de finalização de carreira. Para trabalhar com esse mercado é muito mais facilitador estar aqui. Então, se eu fosse para Cuiabá, provavelmente seria num momento como esse mesmo, para me aposentar e ficar com a minha família”.
Reprodução: ReporterMT
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