Este boletim traz um compilado das principais informações macroeconômicas do país, bem como os acontecimentos internacionais preponderantes que refletiram na economia brasileira no início deste ano até meados de abril. Serão apresentados os dados sobre o PIB, inflação, taxa de juros, taxa de câmbio, risco país, emprego, setor do agronegócio, dívida pública/PIB, além dos principais acontecimentos internacionais. Os dados foram coletados da base de dados do Banco Central, IPEA, IBGE, CEPEA, CAGED.
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CENÁRIO NACIONAL
Inicialmente, são apresentados os principais dados do cenário nacional referentes ao período analisado.
1.1 – PIB (Variação % sobre o ano e trimestre anterior)
De acordo com o recente Boletim Focus (Banco Central), a projeção de crescimento para o PIB de 2025 está em torno de 1,98%, para 2026 a estimativa é de 1,61% e em 2027 o prognóstico é de 2%. Os motivos para a projeção de 1,98% no PIB de 2025 está relacionado: à política monetária, que se encontra em um ciclo de alta taxa básica de juros; a desaceleração da economia global; incertezas sobre a política comercial dos Estados Unidos; elevação dos preços no setor de serviços; a política fiscal; crescimento razoável da demanda chinesa.
No final de março, o IPEA publicou um estudo em que estimava o crescimento do PIB do primeiro trimestre de 2025 em 0,9% com ajuste sazonal, em virtude de reajuste do salário-mínimo e por certas ações governamentais de barateamento do crédito em faixas mais baixas de renda.
1.2 – PIB do Agronegócio
A expectativa é que o PIB do agronegócio brasileiro apresente um crescimento entre 2,5% e 5% em 2025.
1.3 – PIB da Indústria
É esperado um crescimento do PIB da indústria brasileira da ordem de 2,1% no ano de 2025.
1.4 – Inflação (IPCA, %)
Segundo dados do IBGE, o IPCA (Índice Nacional de Preços do Consumidor Amplo) do mês de março foi de 0,56%, já o acumulado entre março de 2024 e 2025 foi de 5,48% ao ano. A projeção da inflação (IPCA) para o ano de 2025 está em 5,65%, para 2026 a estimativa é de 4,5% e, em 2007, de 4%.
1.5- Taxa de Juros (Selic)
A Selic é a taxa básica de juros da economia de curto prazo que funciona como âncora para as outras taxas de juros, sua função é de controle de liquidez, de modo que quanto mais alta, mais caro o acesso a crédito por parte das famílias e empresários e vice-versa.
Outrossim, a Selic também impacta nos juros da dívida pública brasileira, portanto, taxas mais altas aumentam os juros da dívida pública e taxas mais baixas reduzem os juros da dívida.
Atualmente a taxa Selic encontra-se em 14,25% ao ano. A projeção da Selic para o ano de 2025 é de 15% ao ano, para 2026 a estimativa é de 12,5% e em 2027 de 10,5%.
1.6- Taxa de Câmbio (R$/US$)
A projeção da taxa de câmbio para o ano de 2025 é de R$ 5,90, para o ano de 2026 a estimativa está em torno de R$ 5,97 e em 2027 de R$ 5,89. No mês de março, a taxa de câmbio indicou um valor médio de R$ 5,74. É de se destacar que uma maior desvalorização da taxa de câmbio amplia os custos das empresas que têm seus custos atrelados ao dólar, em contrapartida, aumenta a receita dos exportadores, sobretudo do setor industrial, que apresenta uma demanda mais sensível a preço do que os exportadores do setor agropecuário.
1.7- Risco País (CDS)
O CDS (Credit Default Swap) corresponde a um derivativo de crédito que oferece ao comprador proteção contra inadimplência e outros riscos. O CDS também age como um indicador do mercado, visto que quanto maior o valor do seguro, maior é o risco relacionado a determinado mercado ou investimento.
No dia 15 de abril de 2025 o CDS do Brasil foi de 198,93. Atualmente o Brasil detém um dos maiores CDS do mundo. Entre início de abril até metade do mês, a taxa de crescimento média foi de 0,51%.
1.8- Emprego (Admissão, Desligamento, Saldo e Estoque)
Sobre o emprego, as taxas de crescimento de admissão, desligamento, saldo (que representa a diferença entre a admissão e o desligamento) e estoque, entre o mês de fevereiro do ano passado até fevereiro deste ano foram de: 1,04%, 0,72%, 2,87% e 0,32%, respectivamente.
1.9- Dívida Pública Líquida em Proporção do PIB
A estimativa da dívida pública líquida em proporção do PIB está em torno de 65,8% para o ano de 2025. Para o ano de 2026, a estimativa é de 70% e, em 2027, a estimativa é de 74,12%.
2.0 – CENÁRIO INTERNACIONAL
A seguir, foram destacados eventos internacionais recentes (de janeiro até meados de abril de 2025) que influenciam ou têm potencial de influenciar a economia brasileira.
2.1- Política Monetária Restritiva
A manutenção da taxa de juros elevadas nos Estados Unidos pelo FED (Banco Central Americano), continua a exercer pressão na moeda brasileira. Isto ocorre porque há uma corrida dos investidores para obter maiores retornos em mercados mais seguros, como a economia norte-americana, o que fortalece o dólar e gera dificuldade à entrada de investimentos no Brasil. Contudo, membros da autoridade monetária já esperam uma queda da taxa de juros dos Estados Unidos nos próximos meses. Recentemente, o presidente americano recém-eleito, Donald Trump, confrontou o então presidente do FED exigindo uma taxa de juros mais baixa.
2.2 – Inflação Global
A persistência da inflação no mundo, alavancada pelo efeito da transmissão de preços e preço dos serviços, apesar de apontar sinais de arrefecimento em certos países, ainda proporciona incertezas e impacta nos preços de produtos importantes para o Brasil, tanto a nível de exportações quanto importações.
2.3 – Crescimento da Economia Global Mais Lento
A modesta projeção de crescimento da economia global em 2025, da ordem de 3,1% – segundo a OCDE –, impulsionadas pelas interrupções na guerra comercial e escaladas tarifárias, podem impactar a demanda por produtos brasileiros, reduzindo o volume de exportações e, consequentemente, o desempenho da balança comercial do Brasil.
2.4- Tensões Geopolíticas
Os conflitos, instabilidades geopolíticas no mundo e a guerra tarifária geraram volatilidade nos mercados financeiros e impactaram os preços de energias e outras commodities (como a queda do preço do barril de petróleo e valorização do ouro recentemente), com reflexos na inflação e na atividade econômica brasileira.
2.5- Guerra Tarifária e Acordo entre Mercosul e União Europeia
Segundo a Financial Times, é esperado que o setor agropecuário brasileiro ganhe mais participação e relevância no mercado chinês em virtude da guerra tarifária iniciada pelos Estados Unidos. Ademais, os europeus aguardam a ratificação do acordo entre Mercosul e União Europeia, que pode representar um impulso para as exportações agropecuárias brasileiras. Contudo, a preocupação é saber se o Brasil terá capacidade de atender a essa expansão da demanda global diante das taxas impostas pelos EUA, que pode representar também uma alta no preço dos alimentos caso haja um grande desequilíbrio entre demanda e oferta.
2.6 Reunião de Primavera do FMI em Meio a Tensões Comerciais
Nesta semana, autoridades econômicas de diversos países participam das Reuniões de Primavera do FMI e Banco Mundial, em Washington. Apesar de não resultarem em decisões imediatas, os debates tratam de diretrizes globais sobre juros, inflação, dívida e comércio internacional – temas que geram reflexos no ambiente econômico brasileiro.
Autores:
Adriane A. Barbosa do Nascimento, advogada, sócia do Escritório Simões Santos, Nascimento e Associados – Sociedade de Advocacia. Mestra em Economia, Políticas Públicas e Desenvolvimento, registrada no Conselho Regional de Economia 0001/MT. Especialista em Direito Societário, Especialista em Direito do Trabalho, Especialista em Direito Tributário. Doutorando em Direito Constitucional.
Jackson Wakzemy Rikbakta, Advogado no Escritório Simões Santos, Nascimento & Associados – Sociedade de Advocacia. Pós-graduando em Direito do Agronegócio pela ESA/MT e UFMT. Secretário-Geral da Comissão de Direito Tributário da OAB Cáceres-MT.
Victor Luiz M. de Almeida, Advogado associado no Escritório Simões Santos, Nascimento e Associados – Sociedade de Advocacia, Pós-graduado em Direito e Compliance Trabalhista pelo Instituto de Estudos Previdenciários – IEPREV. Pós-graduando em Direito do Agronegócio pela ESA/MT com a UFMT. Presidente da Comissão de Direito do Agronegócio da OAB Cáceres-MT.
REFERÊNCIAS
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Relatório Focus. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/publicacoes/focus. Acesso em: 13 abr. 2025.
BRASIL. Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – CAGED. Admissões e desligamentos no Brasil. Disponível em: https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiNWI5NWI0ODEtYmZiYy00Mjg3LTkzNWUtY2UyYjIwMDE1YWI2IiwidCI6IjNlYzkyOTY5LTVhNTEtNGYxOC04YWM5LWVmOThmYmFmYTk3OCJ9&pageName=ReportSectionb52b07ec3b5f3ac6c749. Acesso em: 13 abr. 2025.
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Indicadores macroeconômicos. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/indicadores.html. Acesso em: 14 abr. 2025.
INVESTING. Risco País – CDS. Disponível em: https://br.investing.com/rates-bonds/brazil-cds-5-years-usd. Acesso em: 14 abr. 2025.
______. Ipea mantém projeção de crescimento do PIB de 2,4% para 2025 e projeta 2% para 2026. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/portal/categorias/45-todas-as-noticias/noticias/15702-ipea-mantem-projecao-de-crescimento-do-pib-de-2-4-para-2025-e-projeta-2-para-2026. Acesso em: 13 abr. 2025.
CEPEA – CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA. Dados sobre o agronegócio brasileiro. Disponível em: https://www.cepea.esalq.usp.br/br/pib-do-agronegocio-brasileiro.aspx. Acesso em: 18 abr. 2025.
AGÊNCIA BRASIL. Mercado eleva previsão para expansão da economia em 2025. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2025-04/mercado-eleva-previsao-para-expansao-da-economia-em-2025?utm_source=chatgpt.com. Acesso em: 18 abr. 2025.
ESTADÃO. Bom tempo para o agronegócio. Disponível em: https://www.estadao.com.br/economia/luiz-carlos-trabuco-cappi/bom-tempo-agronegocio/#:~:text=Com%20sua%20força%2C%20o%20setor,da%20economia%20brasileira%20neste%20ano. Acesso em: 18 abr. 2025.
G1 – GLOBO.COM. Guerra tarifária entre Trump e China é uma “benção” para o Brasil, diz Financial Times. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/noticia/2025/04/14/guerra-tarifaria-entre-trump-e-china-e-uma-bencao-para-brasil-diz-financial-times.ghtml. Acesso em: 18 abr. 2025.
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