Cáceres, 28 de novembro de 2024 - 06:47

Botelho e seus motivos para não recuar da candidatura a prefeito

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 O presidente da Assembleia recorre a um preconceito geracional para explicar porque não pode recuar da disputa à prefeitura de Cuiabá. O preconceito é um equívoco.

 O deputado federal Fábio Garcia (União Brasil), o deputado federal Abílio Brunini (PL) e o presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Eduardo Botelho (União Brasil) têm motivos de sobra nesta altura para não jogarem a toalha, desistindo das suas respectivas candidaturas. A saber:

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 – Para Fábio Garcia, depois de diversas declarações públicas de apoio do governador Mauro Mendes e da primeira-dama Virgínia Mendes, o recuo seria um carimbo de fragilidade política. Se o candidato a prefeito do União Brasil será uma escolha do governador, ser rifado pelo próprio governador queimaria a imagem pública do deputado, um vexame político. Se Fábio não serve para ser o candidato a prefeito agora, serviria quando?

 – Para Abílio Brunini, depois de receber o apoio do Clã Bolsonaro, Jair, Flávio, Eduardo e Carlos, e de ser o preferido do eleitorado bolsonarista da extrema direita, desistir seria um gesto de traição. Abílio, ao que parece, não cometerá esse suicídio político. Pessoas próximas ao deputado garantem que ele não recuará com medo de ganhar na testa o carimbo de traidor.

 Já o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Eduardo Botelho, apresentou na mídia dois motivos para também não recuar. Um espelha o preconceito contra as pessoas mais velhas, um erro, inclusive de avaliação política. O outro motivo é digno de respeito e avaliação, um acerto.

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Presidente da ALMT – Eduardo Botelho

 O motivo errado: preconceito geracional:

 “Se eu disputar e vencer, assumirei o mandato com 66 anos. Daqui quatro anos, estarei com 70 anos, aí não vejo mais perspectiva para uma disputa como essa”, disse Botelho.

 A declaração acirra o preconceito contra as pessoas de mais idade e que atuam com vigor e competência hoje em diversas áreas profissionais: médicos, professores, advogados, além de outros cuiabanos e cuiabanas que continuam firmes no mercado de trabalho. Isso sem falar nos políticos que polarizam o eleitorado brasileiro: Lula e Bolsonaro, que não são “jovens”. Podemos acrescentar um exemplo externo: a disputa este ano pela presidência dos Estados Unidos entre os senhores Joe Biden e Donald Trump.

 Em óbvio, a declaração de Botelho reflete a dura e triste realidade da cultura brasileira: o desprezo pelas pessoas de mais idade. Botelho deveria usar a sua idade, ao contrário, como um fator positivo, fazendo campanha contra o preconceito geracional, uma excelente colaboração. Dizer que ele é o candidato que tem mais experiência para enfrentar os desafios complexos da gestão de uma cidade como Cuiabá.

 O motivo legítimo: respeito aos eleitores

 O outro motivo é legítimo. Assim como Abílio, o deputado Eduardo Botelho cultivou, no limite, a expectativa dos cuiabanos e cuiabanas. Fazer um recuo radical agora exigirá um verdadeiro exercício político:

 “Eu já tenho, segundo as pesquisas, apoio de quase um terço da população cuiabana. É muita coisa. É um patamar elevado, com pessoas que correram atrás, com esperança no meu nome. Muita gente já está acreditando nisso”, disse Botelho.

 O motivo da real política:

 Na verdade, o único motivo para um recuo seria da real política. Fábio Garcia será candidato com o apoio do governador Mauro Mendes; Abílio Brunini será candidato do ex-presidente Jair Bolsonaro, e o deputado estadual Lúdio Cabral será, se for mesmo o nome escolhido dentro do PT, o candidato do presidente Lula. Botelho, com sua experiência e faro político, sabe que caititu fora do bando é comida de onça, mas pode transformar este eventual problema de isolamento num mote eleitoral. Não lhe falta coragem pessoal e não lhe falta estímulo de boa parte dos colegas deputados estaduais e dos Campos, Júlio e Jayme.

 Reprodução: PBNOnline

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