Cáceres, 23 de novembro de 2024 - 01:15

2024 pode ser ano mais quente da história; Mato Grosso terá temperaturas recordes a partir de setembro

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As temperaturas podem chegar a 48 graus na Capital nos próximos 20 anos, segundo o físico ambientalista Sérgio de Paulo, cientista da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

 O ano mal começou e as previsões térmicas já assustam. Após 2023 ter sido o ano mais quente da história, análises da Organização Meteorológica Mundial (OMM) indicam que as temperaturas recordes não param por aí. 2024 poderá ser o mais quente da história.

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 Levantamento do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) evidenciou que, no ano passado, de 12 meses, 9 tiveram temperaturas acima da média histórica. O mesmo deverá ser registrado em 2024.

 Em conversa com o portal RepórterMT, o físico ambientalista Sérgio de Paulo, cientista da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), as projeções ainda estão sendo estabelecidas, pois de um ano para outro há variações, mas é preciso “se preparar” para 2024.

 “É muito difícil você prever, assim, com intervalo de um ano, como que vai se comportar. Mas, eu diria que é possível, e que nós devemos nos preparar para o ano de 2024 a enfrentar, vamos dizer assim, ondas de calor bastante consideráveis, bastante fortes, nesse período de agosto, setembro, outubro”, disse.

 Sérgio destaca que Mato Grosso e até Cuiabá, deve ser afetado, principalmente nos meses de seca, que têm uma tendência a ficar cada vez mais quentes. Esse aumento contínuo de temperaturas que já vem sendo registrado há 20 anos e a tendência é que em mais 20 anos, as temperaturas cheguem a 48 graus, quatro graus a mais que o recorde histórico de 44,2 graus registrado outubro de 2023.

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Em 2023, de 12 meses, 9 tiveram temperaturas médias acima da média histórica.

 “Se pegarmos projeções de dados de 20 anos, desde agora 20 anos atrás, nós vemos que em alguns meses aqui na região Centro-oeste, nós sofremos um processo contínuo de elevação de temperatura. Especialmente no mês de setembro. Nos últimos 20 anos a temperatura média no mês de setembro se elevou 4 graus. No comparativo, podemos dizer que daqui 20 anos as temperaturas vão atingir 4 graus a mais do que atingiram no ano de 2023”, expôs.

 Todavia, o cientista descata que o fenômeno El Niño, que assustou os mato-grossenses no ano passado, não terá tanta influência sobre o Centro-oeste, ainda assim, o calor deverá ser persistente. “Segundo os dados que nós temos, que são dados de estações meteorológicas de toda a região Centro-oeste durante os últimos 20 anos, e Mato Grosso, em particular, o El Niño não exerce uma influência significativa. Então, o que está acontecendo aqui não pode ser atribuído ao El Niño. Nós temos outros agentes que estão relacionados a essas ondas de calor”, explicou.

 O Centro-oeste registra as temperaturas mais altas geralmente em setembro e com um pouco menos intensidade, nos meses de agosto, julho e outubro, que estão relacionados ao período de seca. “O calor aqui, a temperatura elevada na região, ela está associada à falta de água. Isso acontece porque o processo de evapotranspiração (evaporação da água) é o fator principal que coíbe a elevação da temperatura. Então, quando vem a energia solar, ela precisa ser distribuída de alguma forma. Uma parte vai para o aquecimento do ar, a outra parte vai para a evaporação da água. Então, quanto mais água disponível tiver no solo, na vegetação, na água de superfície ou mesmo na umidade relativa do ar, menor vão ser as temperaturas experimentadas. Então, quanto mais seco estiver o ambiente, é mais fácil a temperatura subir, é mais provável que a temperatura suba”, destacou.

 Ainda segundo o especialista, as árvores também são responsáveis pelas mudanças climáticas. Dessa forma, o desmatamento atinge com mais força as regiões agrícolas. “Sabe-se que a floresta amazônica é uma região que retém muita água, porque as raízes formam uma espécie de esponja que retém água. Vamos dizer que, onde tem árvores chove muito, porque elas emitem aerosóis que funcionam como núcleos de condensação. Então a floresta amazônica também atrai chuva. E essa umidade toda que a floresta amazônica retém devido ao regime de ventos do Brasil, vem da Amazônia e passa pela região Centro-oeste e sudeste e irriga toda essa região, onde a gente tem maior produtividade agrícola no Brasil. Então, quanto maior o desmatamento nessa região, menos umidade vai vir para cá e maior será a elevação da temperatura”, concluiu.

 Reprodução: RepórterMT

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